Segundo as fontes históricas, no século
XVII e XVIII alguns grupos indígenas denominados "Pancararu",
"Brancararu", "Pancaru" ou "Caruru"
habitavam o trecho do rio São Francisco entre a cachoeira de Paulo Afonso,
a embocadura do rio Pajeú e as caatingas, brejos e serras adjacentes. Eles só
foram aldeados a partir do final do século XVII à margem do São
Francisco por missionários jesuítas, franciscanos e capuchinhos. Dentre as
missões criadas merecem destaque as de Sorobabé, Caruru, e em especial, Curral
dos Bois, que originou a atual cidade de Glória. Essas missões foram extintas
no século seguinte e a população indígena remanescente sofreu pressões
coloniais, motivadas principalmente por pecuaristas que, interessados pelas
terras mais férteis da costa do rio São Francisco, expulsaram a população
indígena que ali vivia com o objetivo de expandir seu capital. Forçados a
migrar, esses indígenas tiveram que buscar locais de refúgio e resistência em
partes de sua antiga área de dispersão: brejos e altos de serras na caatinga
adjacente.
Já em meados do século XIX se pode
identificar a consolidação de dois novos núcleos constituídos por população
indígena egressa de Curral dos Bois: um em Brejo dos Padres, no lado
pernambucano do rio, onde vivem os atuais Pankararu; e outro no Brejo do Burgo,
do lado baiano, onde habitam os Pankararé. Ainda ao final daquele século, o
primeiro desses núcleos originaria mais dois, em localidades próximas: o dos
atuais Jiripankó, no extremo ocidental do Estado de Alagoas, e o dos Kantaruré,
na localidade da Batida, próxima à margem baiana.
Segundo a tradição oral, a população
kantaruré atribui aos pankararu seu tronco de origem. Uma índia pankararu
chamada Rosa Baleia, originária de Brejo dos Padres/Tacaratu/PE quando ainda
era muito jovem, em uma peregrinação à Bahia, travou conhecimento com um
“posseiro” Balduíno, habitante do povoado Olho D'Água dos Coelhos, município de
Glória-BA. Os dois constituíram família e Rosa Baleia jamais retornou ao seu
local de origem. O casal se fixou em uma localidade próxima ao povoado de
Balduíno, a Batida, onde criaram seus 13 filhos e estabeleceram raízes. Toda a
população da Batida descende diretamente de Rosa Baleia e Balduíno, através de
quatro dos seus filhos: Cícero Pequeno, Rosendo, Honório e Constantina. Algumas
gerações depois, dois irmãos kantaruré, Arcelino e Bregídio, se casaram com
duas irmãs, Santina e Maria Virgílio, originárias do povoado Baixa das Pedras
de Cima, distante 3 Km em linha reta da Batida, vindo a fundar um segundo
núcleo de ocupação kantaruré, em localidade contígua ao povoado, conhecida hoje
como "Pedras".
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