20 de Novembro

Por uma consciência NEGRA e INDÍGENA...


Sinônimos de resistência e luta, a comunidade indígena e negra tem muito em comum. Ambas passaram por um processo brutal de escravização e consequentemente sofreram os impactos deste processo.  Estes grupos se transformaram no processo de aculturação e até o tempo contemporâneo lutam para manter viva sua cultura e pelo resgate dos seus traços identitários que se perderam ao longo da história. Estes também são fundamentais para a formação desta miscigenação que hoje é chamada, pela ação do colonizador, de Brasil.
Neste processo, o que muitos desconhecem são os verdadeiros impactos que contribuíram para a desarticulação destes grupos. Tendo como referência o indígena, é sabido que a história mostrou-nos o mito do “selvagem” bom, por assim dizer, todavia não menciona que por bastante tempo, eles tiveram que se desintegrar de suas terras, e que não foram descobertos, pois sempre estiveram aqui. A história também silenciou o quanto o indígena resistiu e lutou para manter seu lugar, mas que por força, ou falta de métodos o colonizador conseguiu sobressair-se.
É válido salientar que quando os negros vieram trazidos da África, os índios eram povo daqui (e continuam sendo). Mas, é a partir daí que suas histórias se cruzam e, apesar de muitos verem como histórias dissociadas têm muito em comum. Os negros vieram para também serem escravos, e viverem de acordo com as exigências dos europeus, e a forma animalizada com que eram tratados convergiam para a mesma situação que os índios, interiorização e subalternidade.
Todavia, mesmo passando muito tempo com a abolição de escravatura, Independência, república e constituição, infelizmente ou propositalmente a história não apagou as doenças, nem o genocídio desses grupos. E o que ela fez então? Obviamente foi mais fácil silenciar e deixar de lado aquilo que era feio para o “novo mundo”, urbanizado e que não precisaria de mão de obra que também fosse “feia”.  E, a partir de então, os negros ressurgem, pois sabiam que ficar calado, era conformar-se com o lugar que foi dado a este. Do mesmo modo, os índios lutaram! Mesmo grande parte de diversas etnias já terem sido exterminadas. Muitos negros resistiram, refugiaram-se nos Quilombos. Muitos índios que perderam suas tribos, integraram-se com outros índios, pois perceberam a necessidade de lutarem por um bem maior, a sua existência.
O que a história nos conta, todos já sabem. Mas, agora o que todos precisam saber é que na história do índio também tiveram protagonistas. Eles tiveram conflitos entre si. Da mesma forma, os negros. No entanto, buscaram se unir, se afirmarem e pensar estratégias de luta contra os senhores colonizadores que se consideravam donos da terra e dos povos.  
 Se bem pensarmos, foram e continuam sendo anos e anos de luta e resistência para se afirmar na sociedade, pela busca de direitos, igualdades e sobretudo de respeito à cultura, a religião e etnia. É importante observar o impacto dos Movimentos de Resistência Negra e Indígena no Brasil contribuíram exaustivamente para reivindicação e luta pela emancipação desses dois grupos. Até hoje, o “ranço” ainda não foi deixado, o preconceito também continua acentuado, porém, as lutas e os movimentos estão mais articulados, o sentimento de consciência está mais aberto e os debates mais centrados, principalmente destes, que passam a assumir suas vozes e serem autônomos.

Mesmo sabendo que o reparo será longo, e a história da nação brasileira será esta, mas que não mais de silenciamentos, pois viva a ZUMBI, que morreu lutando, viva os negros, e negras que se integraram nesta luta. Viva, os índios que fizeram histórias, desde os tapuias e tupis, de norte a sul do Brasil e hoje, na Bahia cantemos os Kantaruré, poucos índios, cultura quase apagada, mas que lutam para manter sua história de pé.


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